Este sabor intenso
Faz-me agarrar a noite
Devoro-a com os meus olhos
Sou o mundo
Sou a estrada
Sou a manhã que quero ser
Sou este homem da cidade
Que quer viajar no mar
Fugir dos corpos desenfreados da população
Sou este corpo
Que não sabe o que dizer
Unicamente sentir…
Falar ou querer…
Esta madrugada é lenta
Estendeu-se pela penumbra da noite
Sou esta alma que não se acalma
Mas que adormece…
Mês: Fevereiro 2008
Estou aqui junto a mim
O som da minha voz já não é igual
Nem o tom da minha pele
Olho-me nos olhos
Não sou eu…
Ou estou tão diferente
Que não me reconheço
Deixo-me levar por este momento
Curvo-me sobre o tempo
Esse amigo fugaz…
Que se apresenta sem forma
E nos rouba os sonhos
Luta desigual…
Estou aqui…
Estas rugas são tão reais…
Que nem as quero questionar
O tempo passa
A vida voa…
Desencontro-me…
Passo aqui uma vez mais
Temendo não errar
Errando…
Perpasso e procuro a sombra
Que se esqueceu de me seguir
Ficou lá longe
Transporto-me para lá
Transcendo-me…
Sigo o meu rumo
Ultrapasso-me…
Caminho, ando e voo
Sou feliz
Sou amante…
Encontro-me…
Se existe a noite
Dentro de cada dia
Então porque não sobra o tempo
Para não ser esquecido
E retirar as âncoras da saudade
O sentido da vida pôs-me aqui…
Deixou-me sem jeito
Interrogo-me sem dizer nada
E faço de mim um arguído inocente
Deixo-me levar…
E levo-me neste barco desancorado
Elevo-me…