O teu cheiro etéreo
Perde-se no ar
Suavizando docemente o meu paladar
Olhem para mim…
Estou a pairar no tempo
Como um raio de Sol
Não sei quando este sonho tem fim
Sou uma folha de papel
Uma parede branca
Nua…
Sou o fim!
Porque o fim tráz o vazio
Ah…
O teu cheiro…
Leva-me pelas ruas antigas
Mata-me e Asfixia-me…
Mês: Agosto 2005
Cheira-me
Morde-me
Come-me
Com o teu sentido unico de mulher
Ama-me
Lamenta-me
Entristece-me
Devora-me
Subtilmente como se tocasses piano
Chora-me
Beija-me
Acaricia-me
Sente-me
Como se eu fosse o teu ambar
Deixa-me morder-te
Cheirar-te
Acariciar-te
Dá-me permissão para ser o teu homem
Deixa-me amar-te
Beijar-te
Acariciar-te
Assim como tocaria guitarra
Levemente com os meus dedos
E de ti sairiam as mais belas melodias
E as cordas…
Essas… Mudavam o rumo do Universo
Alquimia perfeita
Choro lentamente lágrimas tristes
Com a agonia e tristeza de um homem cego
Sentindo que não posso mais contemplar o céu infinito
Tentando descrever as memórias
Agarrando as palavras ainda no ar
E lutando com elas por entre os bastidores da morte
Passo a passo sobre um campo de batalha
Caminhando pelo fogo adormecido
Humedecido pela madrugada
Sentado numa rocha…
Choro lentamente lágrimas fortes
Porque só assim consigo transbordar o que vivo
A minha alma soluça
E o meu coração estremece
Quase perdendo os sentidos
Mas continuo a percorrer as colinas
Os montes e os vales
Para encontrar algo que seja imortal
Mas… Sou mais pequeno que um mosquito
Uma abelha…
Uma flor…
Choro lentamente lágrimas quentes
Porque o dia é frio
E trouxe a humidade do norte
O vento já não é transparente
Com ele veio a areia branca da praia azul
À noite, choro devagar…
Para relembrar que sou errante
Para lembrar que sou eu
Para mostrar que nada mais sou que apenas eu…
Estou ausente do meu viver
Mas não fora de mim
Assim vivo no mundo
Mas não dentro dele
Estou ausente porque desta forma
Voçês não me conseguem alcançar
Ou tocar…
Contudo continuo a procurar a minha voz
E o meu lugar
Estou ausente porque quero estar presente
Sem ser contaminado
E estou num local onde ninguém me vê
Porque só assim consigo sonhar
Começa um novo dia
As máquinas ouvem-se pelas ruas…
Morre-se lentamente em Lisboa
Porque não se quer descobrir o que nos faz mudar
E esta ânsia que me estende à razão
Esta fúria de viver
Sem pressa de morrer
Só o tempo é livre
Só a liberdade é arrancada
Num último suspiro de dor
O passado é tão frio que me congela a mente
A mulher casada que se mente
O homem nu na entrada da sua casa
Esperando que ele saia
Para a ver despida de preconceitos
Sabes que mais?
Vocês são um bando de escravos!
Desesperam lentamente
Pedrados na noite
Desgastam a vida rapidamente
Invocam os deuses de outrora
Mas o mundo está a arder
E nada fazes para mudar
Matas-te aos poucos pobre anjo
Dá-me as boas vindas com o teu exército
Ou então aponta-me o dedo e mata-me
Não pares…
E move-te sobre a multidão
Não te culpes…
Não desistas
Pois eu vou atacar-te com o inesperado
E o inevitável acontece
Desesperado momento de solidão
Sento-me num banco de madeira no parque
E vejo os ramos quebrarem o seu dislumbre
Um miúdo passa numa bicicleta vermelha
Um qualquer pássaro voa em direcção a Sul
A alguma distancia consigo ver um pai aflito
Um vagabundo dorme no banco a uns escassos metros
Que é feito de ti…
O barulho dos balouços parece não querer abandonar algo que se tornou rotineiro
Alguém passa por mim e tem um ar triste
Diria fúnebre
Hey! Seu velho maluco! Que queres de mim!?
Não passas de um escravo dessa vida de avareza!
São todos uns amantes da madrugada
Mas escondem-se por entre as nuvens da noite
O parque fica no meio da cidade
Motores ouvem-se por vezes abafados pelas arvores
Onde estás tu velho amigo?
Mostra-te…
Sai desse véu, dessa nuvem…
Sai e vem sentar-te aqui
Anda
Há um lugar para ti
Guardei-o
Ès amigo da floresta, és meu amigo…
Mostra-me a vida que levaste para eu aprender
Eu posso dar-te ainda um pouco da minha juventude
Não quererás rir-te?
Ainda consigo rir-me…
Ainda…
Não quero ser como tu!
Quero ficar sempre assim…
Amante da natureza
Devendando a vida
Posso ensinar-te a tecnologia…
Ou a verdadeira realidade virtual
Sabes…
As pessoas não querem mais saber delas…
Querem Poder, fama, dislumbre…
Ego…
Querem o que tu nunca tiveste
O que eu não procuro
E o que nunca ninguém deveria procurar
Estes tempos estão doentios…
Estão corruptos…
Quem dera a mim viver nos teus tempos
Nada mais seria do que uma boa lembrança
E morreria em paz
Mas aqui sentados num velho banco de madeira…
O passado encontra-se com o futuro
Num qualquer parque de Benfica
Parece que ouço as árvores conversarem por entre as folhas
O suspiro do vento por entre a estrada de areia
Ou o Sol enfraquecido que espreita pelos ramos
Tentando desvendar algum caminho interior
Esquecido pelo tempo
Ah… Como queria que os tempos voltassem atrás
Imagino-me num coche de madeira andando pelas ruas
Os barulho das patas dos cavalos pelas avenidas mal formadas
E as pessoas que vendem o vinho na rua
Nada posso fazer senão habituar-me…
E habituar-me significa morrer
Quero ver as ruas cheias de gente
O cheiro da verdadeira vida
O tutano
O poeta que vende folhas soltas pela feira
Ou o ferreiro que cospe no chão
Deixa-me sonhar,
Deixa-me sonhar…
Deixa-me viver…
Segue-me intensamente
Pelo deserto
Com a sede que tens por mim
Faz-me um sorriso
E bebe-me
Molha a tua boca com o meu suor
Porque por detrás de mim
Existe o homem que não conheces…
Afoga-te no meu alcool
Descansa no meu peito
E desliza sobre mim
Como as ondas na areia
Lá fora ao som do nascer do sol
Verás que a lua é minha
Perde a cabeça
E fecha os olhos
Levanta-te
Ama-me
Mata a tua sede e mata-me de prazer
Se desceres por mim
Podes quebrar-te em pedaços…
Perde a tua inocencia nos meus braços
E faz-me perder a cabeça
Segue-me
Desesperada como estás…
Pelo meu mundo
Desvenda-me o teu…
E deixa-me sonhar no teu leito
Longe está o tempo
Das descobertas
Nomada do destino
Alcanço a luz como um todo
Poder telepático inconstante
Pelo tempo
Pela experiencia
Anda comigo até ao final dos tempos
Ver o mar e a estrela que morre
As cadentes estrelas
Vidas…
Que se desfazem pelo infinito
Anda e vem
Vem comigo pelo mundo
Paz
Amor
Alcança o pouco de ti no frágil degrau
Desta vida
Alcanço um pouco de mim em ti
Porque te descubro lenta e perigosamente
Pelo dia e pela noite
Que se desfaz no norte
Vem…
Vem comigo pela estrada
Até ao lago
Até á tenda
Contorna-me com o teu olhar
E afoga-me no teu sorriso
Mata-me no teu leito
E escorre esta lágrima que te faz sonhar
Deixa-me ser quem sou
Nao me deixes assim como estou
Porque tu és para mim um porquê
Não me deixes tu de entender
Eu te oferecerei todas as rosas do mundo
As pérolas de todo o universo
E um dia quando morrer
A terra que cobrir a minha campa
Será todo o teu ouro
De todo o teu reino
Rainha de todos os meus sonhos
Porque da forma como eu te falo
Tu me compreendes
Apenas sou mais um marinheiro
Onde no mar tu és a Sereia que me acompanha
Que canta e ri
E por vezes chora e dança
Atravessa comigo a vida
Cruza a terra e o mar
Os dois esteámos de novo as bandeiras
Deste novo reino
Liderado por ti
E sigo a luz
Que se manifesta naturalmente
E este feitiço que me lançaste
È um modo de vida deveras apaixonante
Ah… Como esta oculta paixão me faz feliz
E ninguém vê ou supôe
Toda a minha vida de frente para ti
Os segredos escondidos da tua visão
Mas divulgados na eternidade das tuas folhas
Poesia… como te amo…