Tenho os braços arranhados
Um arranhão por cada vez que caí…
E fui-me abaixo tantas vezes
Algumas sem razão…
Guardo para mim cada momento que me levantei
E várias recordações dos meus dias
Silêncio tão quente
O mar tão distante que me abraça
E a areia da praia que tem o cheiro do que eu amo
Esta cidade está tão suja que se perderam os dias limpos
Só quero lavar a minha alma com esta nova água
Um oceano de paz…
Uma caminhada ao sol
Sabe-me bem o sabor salgado das ondas
Da água…
Sabe-me bem…

Em passo acertado
Viajo sobre o absoluto
Penso e repenso
Passo e perpasso
Alargo o passo…
Para que ninguém note
Sou quem voa…
Desço a avenida
já descansado
A noite, dormente…
Sou viajante
Sem constante destino
Sou caixeiro
Ninguém sabe de mim
Amo a vida e as pessoas
Essas passam e perpassam assim como eu
Na rua…
Tão desinteressadas dos outros
Tão nas suas vidas…
Tão egoístas quanto eu neste momento…
Como eu na minha vida
Apressada e destrutiva
Desmedida e sem tempo para o que é doce
Em passo tão acertado que me desacerto
E me descontrolo pela avenida
Paro nas ruas e sinto o cheiro das coisas
Já vividas…
Toco nas paredes e quebro o silêncio do meu rosto
Quebro o silêncio da minha saudade
Sinto a voz interior da minha alma
Que me dá forças para não parar
Para mudar a cada instante…
E este sou eu…
Caminheiro compulsivo
Num passo desacertado
Passando por aqui
Vivendo por ali
Amando algumas coisas esquecidas
Sendo diferente… Sou eu…
Sou mudança sem constante destino…