Quando passas aqui como um gesto
Deixas o olhar de quem morde um beijo
Um coração que bate doce
Porque não dizer-te…
Que quando passas deixas o perfume que sonhei
E vacilam os pilares do meu viver
Que quando passas deixas o teu nome escrito
Nos meus olhos…
Nas minhas mãos que escrevem…
Nos meus dedos…
Porque não dizer-te…
Que quando passas te sinto perto
Tão perto…
Porque não sussurrar-te…
Quando passas o meu mundo pára…

Há tanta coisa para falar
Tanto para viajar
Quantos caminhos para percorrer
Numa noite de Lisboa…
Quantas ruelas e murais claros
Quantos temas de conversa pela rua
Desconversados na ternura
Olhares penetrantes e doces
Quantas vidas até te ter
A Lua tão nua…
Há tanta coisa para sonhar
Tanto que não se diz e se diz tão direito
Quantos caminhos para um beijo
E um dia uma dança tão crua
Num jardim qualquer de rua
De forma tão fugaz e nua

Saí à rua sem destino
Apenas eu e o meu pensamento
Uma estrada marginal
Uma madrugada cheia de sentimento
Envolvo-me com o cheiro do mar
É arrepiante todo este momento
Nem quero saber se estou perdido
Quero andar…
Vaguear…
Perder-me quem sabe…
Só eu…
Que noite… Luxuriante
De tão vazia ficou tão calma…
E de tão calma ficou tão doce

Guardo só para mim
A ternura da minha viagem
Invoco os Deuses
Para me sentir acompanhado neste trilho
Aguardo o momento da chegada
Um destino sem tempo
Tempo fugaz
As minhas asas cansadas de voar
E os meus caprichos de menino homem
Agora que me vejo a viajar
Faço uma promessa…
Jamais irei parar
Guardo para mim
O cheiro e o sabor desta viagem
Tão simples e intensa