Por vezes quando o tempo deixa, vou-me embora
Como se dissesse adeus a uma criança
Desse modo, em que não estou
Fecham-se os meus olhos em sonhos
E é tudo. E é nada.
Como um vazio que se abre para o mundo
Posso dizer que nasço de novo
Ou dizer que já não sou o mesmo que a vida esconde
Já não sou eu senão o sonho
Talvez seja uma melancolia
Mas que certeza eu tenho que não é um sonho?
Onde não quero dormir
E por amor
Talvez eu fosse
Mês: Julho 2019
Durante a noite
Também há quem precise de um abraço
Embora a madrugada seja lenta
Também há nela quem não encontre a lua
Às vezes toco nas palavras tingidas no papel
Depois de batidas na máquina
Sinto-as impressas como se fossem mais que palavras
Sentimentos marcados
Sabes… às vezes certas letras rasgam o papel
Perfurando-o de um lado ao outro
Deixam pequenos buracos por onde a luz passa
Não sei já se é a emoção que trago comigo ao bater nas teclas
Se é apenas o mecanismo que bate no papel possa estar estragado
Eu acho que é ela, esta máquina velha que já me vai conhecendo
Deixa-se levar pelo ritmo do que sinto
Eu acho que ela se funde em mim
Não sei…
Tenho impressão que ela me conhece
Que de qualquer forma já me desvendou e sabe quem sou
Sabe o que penso
Sabe que tenho fome de ti
Pois o bater ritmado das letras
Revela-se morno, quente ou frio, forte
Lento e fraturado
Sim esta máquina tem qualquer coisa
Qualquer feitiço que me conhece